segunda-feira, 23 de agosto de 2010

SERRA DA MANTIQUEIRA.

    Aos meus amigos da região do Vale do Paraíba se eu pedisse a vocês para indicar algo de belo desta nossa região o que seria ? Se esta pergunta fosse feita para mim não iria pensar nem meio segundo para responder: VISÃO DA SERRA DA MANTIQUEIRA.

    Este novo artigo do blog foi inspirado diante de uma viagem que fiz a trabalho de Lorena a São Paulo. Tão logo peguei meu carro, avistei a imponente serra da Mantiqueira a minha frente. Neste dia ela estava completamente maravilhosa, como estivesse se preparado para um desfile a céu aberto. O que mais me impressionara neste dia foi o fato de que era possível ver suas entranhas, parecendo-se mais com um cenário montado em 3D em um supercomputador. Talvez seus paredões e montanhas estivessem se parecendo com um imenso presépio da natureza. A medida em que as horas se passavam e o sol aparecia, ela também mudava, ficando mais bonita a cada minuto. Desculpem-me a pretensão, mas parecia que ela sabia que eu a estava contemplando e ali tornou-se possível um diálogo entre um homem e uma montanha. A beleza era tanta que desisti de pegar a Carvalho Pinto apenas para ter por mais tempo aquela maravilha da natureza em minha companhia do meu lado direito. A serra me respondia produzindo paisagens cada vez mais impressionantes.

    Meu amor por esta montanha remonta minha adolescência. Ninguém precisou me falar que ela estava lá, pois foi paixão a primeira vista mesmo. Lembro-me de parar horas a contemplar sua beleza tão natural e exuberante capaz de causar reações adversas: causava uma espécie de bem estar, provocava lembranças de pessoas especiais e o mais importante que considero era que aquela visão me fazia sentir em conexão com o Divino, ou seja, uma perfeita oração sem proferir sequer uma palavra. Morava em um dos pontos mais altos da cidade de Aparecida em um Hotel que era de meus pais, onde a janela do refeitório se abria diretamente para a visão mais linda de um produto da natureza que já tive até hoje. Quando chegava 17:00 hs, era tradicional debruçar-me sobre aquela janela e apreciar todas as cores do entardecer refletindo naquelas montanhas da Serra da Mantiqueira. Diversas vezes consegui a mesma visão que tive nesta viagem que me inspirou a escrever aqui no blog. Era comum eu colocar uma cadeira nesta janela e pegar meu violão para tirar algumas canções tendo o olhar sempre afixado na montanha. Em algumas vezes, disputávamos o espaço, pois meu irmão também gostava da visão daquela janela. Sorte que ela era suficiente para duas pessoas.

Aquela janela era um verdadeiro quadro, pois conseguia ver a serra de Aparecida até Lorena ou Piquete onde avistava o pico dos Marins. Ao fundo o Seminário Santo Afonso com uma grande área verde preservada e a frente a construção maravilhosa do seminário Bom Jesus em sua arquitetura singular. Mais a frente a Rodovia Presidente Dutra dava um toque especial com seus carros, caminhões e ônibus que não paravam de passar mas que não emitiam som pela distância em que eu me encontrava, parecendo assim brinquedos em miniatura. Tudo isto virava mais um toque especial no cenário. Sim eu tive esta visão durante toda minha adolescência e sorte do Lô Borges e Beto Guedes que já haviam feito a música Janela Lateral.

    Nesta viagem todas estas lembranças vieram a minha cabeça. Percebi que também poucas coisas me deixaram muito triste nesta vida e um destes fatos se refere a este quadro tão natural desta janela que citei acima. Vou citar estas três coisas: o fechamento do cine ópera em Aparecida (objeto de outro post do blog que está sendo criado), a queda do Palmeiras para a segunda divisão (fato completamente já superado) e a construção de um prédio ao lado do Hotel onde morava que destruiu minha visão tão maravilhosa que tive durante todos estes anos desta janela ou quadro natural. Foi muito triste. Quando saia na mesma janela, ao invés de avistar minha Serra da Mantiqueira, via um monte de janelas de quartos de Hotel. Não citarei o nome do Hotel que foi edificado, mas juro a vocês que fiquei muito fulo da vida com os caras. Se tivesse grana, compraria para derrubar e ter de volta minha visão antiga.

    Depois deste fato, um pouco mais adiante na linha do tempo também mudamos de lá e fui avistando a bela serra de outros pontos: durante as viagens para a faculdade no horário de verão, na saída da Editora Santuário, empresa que trabalhei durante anos e que era em frente a uma visão privilegiada da serra bem ao pé de um morro, a visão da varanda da casa dos meus amigos Bicarato em alguns churrascos feitos ali, em reuniões feitas nos sítios dos meus grandes amigos de banda Ícaro e Beto que tem visões privilegiadas para a serra, no bairro das Pedrinhas, na casa da minha sogra, nas idas e vindas ao sul de Minas, da sacada do quarto do meu filho, do restaurante Rota 116 e atualmente da janela do meu trabalho.

     Impressionante como todas estas coisas estão ligadas. Minha mulher tem o mesmo sentimento por esta serra e hoje estamos juntos. Montanha tem a ver com Minas e o som que mais gosto que é o movimento do Clube da Esquina foi desenvolvido no cerne das montanhas de Minas. Aqui tenho as montanhas da Mantiqueira.

    A Serra da Mantiqueira sempre esteve no mesmo lugar (espero que sempre esteja), sempre foi maravilhosa e é de graça, não tem contra indicação. Ela nos permite exercitar a arte da contemplação, elemento perdido nos dias atuais. Infelizes daqueles que olham e não vêem, já dizia um certo Mestre. Aos que aqui passarem, neste humilde blog, desejo que consigam cortejá-la da forma que ela merece e que consigam sentir que uma simples paisagem da natureza é capaz de mudar nosso dia para melhor, é claro.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

LUGAR COMUM

Existem alguns lugares no mundo onde Deus construiu com maestria particular. Você conhece um lugar como este? Eu conheço alguns e quero compartilhar. Hoje falarei especificamente de um que considero especial. Para frente, outros entrarão nos comentários.

Antes de fazê-lo, vou pontuar o que torna um lugar tão singular e especial no meu ponto de vista. Para mim, o que destaca um lugar e o torna diferente de qualquer local do mundo é o laço e a história que nos une a ele. Um lugar como este, confunde-se com nossa história de vida. É aquele lugar que não deixaremos de citar quando contarmos sobre a nossa vida para alguém. É aquele lugar onde voltaremos mais de uma vez ou até mesmo diversas vezes sem se arrepender da repetição. Falta de criatividade? Não! Por pura convicção mesmo. Parece que nos acolhe quando chegamos e se entristece quando vamos embora.

Acredito que cada um deve ter em mente um lugar como este e sabe exatamente, desenhar no quadro branco do pensamento, cada detalhe do mesmo.

Para mim este lugar tem nome e chama-se Caxambu. Este pedaço de terra localizado no sul de Minas Gerais é realmente um local singular. Ali tudo se mantém igual para que a gente se sinta diferente e é muito bom que seja assim.

Um lugar de clima maravilhoso e com um parque das águas igualmente tão maravilhoso que recebeu de nossa amiga carioca, psicóloga Simone, a melhor definição que classifica tamanha beleza: hospital da mente. Um hospital que cura apenas pelo fato de se entrar nele e ter um pouco de sensibilidade em prestar atenção naquilo que está em sua volta. Uma exuberância da natureza, com árvores centenárias, pássaros maravilhosos espalhados pelo local e suas fontes de água que possuem o poder curativo de diversas enfermidades ou tão somente para a preservação da saúde que temos. Um local para se dar trinta voltas no parque e não sentir que se está andando há tanto tempo. Um lugar que mesmo com o descaso do poder público que deveria cuidar melhor do espaço no entorno do parque, ainda continua com beleza imponente. Um lugar para parar e meditar e nos posicionarmos exatamente do tamanho que temos diante do universo, e que mesmo assim, tão pequenos, com tamanho poder de fazer diferença no planeta, na vida.

Em um dos dias em que lá permanecemos, participamos de uma cerimônia de reverência e agradecimento a água. Através do pesquisador Massaru Emoto, descobrimos algo inusitado: a água sente. Repito aqui as palavras escritas no prospecto do evento:

"Através das experiências com micro-fotografias Emoto compreendeu e demonstrou a verdadeira natureza da água e sua profunda conexão com a consciência humana. As formas estruturais da água observadas nos cristais sofriam alterações de formas dependendo da influência do sentimento do observador ou do meio. A ÁGUA SENTE."

A cerimônia foi transmitida de Caxambu para mais de 200 locais ao redor do planeta onde ocorre o Global Water Cerimony. Uma experiência completamente diferente para nós. Caminhar no parque e parar de fonte em fonte onde em cada uma delas era expressa uma manifestação cultural louvando e agradecendo a água. Teve de música de Dorival Caymmi a canto coral, música clássica e danças típicas.

Para nós da família Souza, Caxambu é um local com todos estes atributos e guarda além disto, pedaços de nossa história. Foi lá que nosso garoto foi dentro da barriga ainda e tomou banho de geyser através de sua linda mãe; foi lá que fomos com nosso primeiro carro sem o mínimo de experiência em viagens; foi lá que conhecemos o primo do Toninho Horta; foi lá que montamos o trio Caxambu compostos por Telma na voz, Tio da recreação percussionista e eu no violão proporcionando várias noites musicais; foi lá que conhecemos Beto do Rio de Janeiro com sua força de vida mesmo com as dificuldades que uma doença lhe impôs, mas não lhe venceu; foi lá que conhecemos a melhor empadinha que já comemos; foi lá que descobrimos a melhor comida do Brasil; foi lá que nos certificamos que uma das melhores coisas da vida é a conversa com gente simples; foi lá que descobrimos uma das melhores rádios do planeta a RioVerdeFm (www.rioverdefm.com.br) que fica em Baependi que é outro lugar maravilhoso, terra de meu pai e de meus avós; foi lá que conhecemos Simone, Wagner e suas filhas, um casal do Rio de Janeiro que tem o mesmo sentimento por esta terra e por fim foi lá que descobrimos que mesmo não nascendo lá, sentimo-nos partes dali, pois nossa energia se transforma quando passamos alguns dias diante desta terra.

Não posso afirmar que você vai se apaixonar por Caxambu como nós ou como o casal Wagner e Simone, pois são características muito pessoais. É difícil recomendar a outra pessoa, pois é igual a assistir a um filme que você acha maravilhoso e quando se recomenda a alguém, não existe a sinergia de opinião. É óbvio, pois a lente da janela da alma de cada um tem um grau diferente, conforme sua história, seus valores, sua sensibilidade, elementos adquiridos no decorrer da vida.

Se Caxambu não for o lugar para você, pelo menos recomendo que encontre um local para chamar de seu e que te agrade e recarregue todas as energias de que necessitas para uma vida equilibrada diante de todas as atribuições e papéis que temos de exercer no cotidiano. Um lugar principalmente onde se possa contemplar a natureza e que nos faça ter a plena certeza de que Deus existe.