quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Lyle Mays e a Linguagem Universal de Comunicação !

             
               No dia 11/02/2020 fui surpreendido com a notícia de que o pianista Lyle Mays faleceu em Los Angeles por uma doença ainda não divulgada. Em primeiro lugar o lamento é pela morte de um ser humano. Apesar de nunca ter falado com Lyle Mays em linguagem verbal, ele soa como uma pessoa que conhecia há muito tempo. E o sentimento é de que um amigo de tempos tenha partido. Lyle Mays falou e se comunicou comigo durante muitos anos através da música, da linguagem universal da música. Para mim, ele é o melhor pianista, arranjador e tecladista que eu já vi. E ele faz a música que eu gostaria de ouvir, exatamente com as harmonias que gosto de ouvir. Nesta linguagem musical que nos comunicamos, recebi exatamente tudo que precisava de uma pessoa que sequer tem ideia dos benefícios que me causou. Somente a linguagem artística é capaz de produzir tais sentimentos, a ponto de parecer hoje, que um ente querido se foi. E quando isto acontece, um pedacinho da gente se dissolve também.
               Fica até difícil explicar, mas o jeito que Lyle Mays coloca as notas no piano nas músicas que toca, transforma e leva a composição para outro nível. Ele é capaz de produzir notas em tom maior ou menor, que entram dentro de nossas veias, atingem a alma, produzindo uma sensação de prazer indescritível. Tivemos a sorte de três gênios da música se juntarem no mesmo grupo: Lyle Mays, Pat Metheny e Steve Rodby. Eles levaram a música instrumental a ter alcance intercontinental, com  turnê de classe mundial, assim como um grupo pop como U2. Isto era praticamente impossível antes do Pat Metheny Group que arrebatou fãs pelo mundo inteiro. E um dos pilares deste grupo foi Lyle Mays, que emprestou sua genialidade nas composições do grupo, além de desenvolver também discos solos maravilhosos durante todos estes anos.
               O importante nisto tudo é que Lyle Mays continuará falando comigo mesmo depois de ter partido pois todos os dias eu escuto uma participação sua em alguma música de minha playlist. Não tem outra forma mais efetiva de imortalidade. Lyle Mays alcançou algo que todos nós queremos. E esta música universal já está com meu filho, que provavelmente passará aos meus netos, que passarão aos seus.
               Como vale muito enfatizar, seremos lembrados pelas nossas obras. Nem sei qual carro Lyle Mays tem, em qual casa mora, nem sua conta bancária, mas na minha opinião, estou em seu testamento, pois deixou sua obra musical inteira para que possa continuar sentindo o que somente a música pode provocar. Lyle Mays deixou o que ele tinha de melhor para mim.
               Se você não conhece ainda a obra deste artista genial, pesquise. Gosto é subjetivo, mas genialidade é universal e Lyle Mays é um gênio da música.
Que muitas notas musicais continuem a soar deste pianista genial chamado Lyle Mays.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020


INTENSIDADE

Fazia tempo que eu não via a materialização efetiva da felicidade de maneira tão explicita como presenciei há alguns dias. Apesar de ser um elemento cada vez mais escasso e quando aparece se apresenta com formatos variados no cotidiano, percebi que perdemos com o tempo a capacidade de saber sentir o que é ser e estar feliz. A grande professora desta preciosa lição gratuita recebida em dose integral, desta vez, foi minha adorável e intensa filha Júlia. Adorável e intensa porque ela transita entre estes dois elementos com a maior facilidade e consegue ser intensa sendo adorável. Não erra em nenhuma das duas medidas.
Viajamos em família há poucos dias para nosso lugar de direito aqui na terra, que nomeamos como nosso, sem precisar lavrar escritura em cartório e a pequenina menina de quatro anos mostrou, escancarou e emprestou a todos nós a empolgação de se encontrar em perfeito estado de felicidade plena de forma intensa. E isto é tão contagiante que pega, te envolve e te transforma; a capacidade de uma pessoa de 1,10m pelo seu sentimento transformar os que estão ao seu redor. Eu estava feliz por estar onde queria estar, com quem queria estar mas nem de perto cheguei ao que esta pequenina sentia. E ela me transformou, nos transformou e ensinou uma lição básica: é possível contagiar e ensinar apenas pela forma de sentir as coisas, de irradiar o que se sente por dentro sendo INTENSA. Esta é a palavra.
Cada minuto que ficamos nestes dias neste nosso lugar foram completamente intensos. Toda e qualquer atividade perto dela tem a intensidade que a felicidade em estar vivenciando aquilo tudo provoca. Nos dias atuais a classificariam talvez como “hiper-ativa” ou sei lá qual rótulo se colocaria ali. Não se pode confundir má educação e chatice como hiperatividade. A Júlia é intensa, mas muito educada e sensível, colaborativa e completamente compreensível e obediente. Juro não ser ótica de pai. Como pode tudo isto na mesma criança ? Mas não tente ser morno perto dela. Não tente entregar algo mais ou menos a ela que isto não será aceito, a ponto dela exigir o seu melhor e transformar sua atitude. E nesta exigência da entrega total, ela sempre vence, sem birra, sem chatice, sem gritos, sem má educação, mas com a persistência da exigência que os intensos tem como característica.
A intensidade. Como esta palavra está distante. E ela precisava voltar ao cerne da nossa vida. Quando se faz algo com pouca vontade, sem intensidade, Deus não abençoa e as coisas não acontecem. Sempre usei este mantra como estilo de vida, mas não esperava ver tão intensamente isto se materializando em uma criança. Júlia define muito rapidamente o que quer, tem uma convicção que vi em poucas pessoas e quando ela consegue vender sua ideia para que um fato aconteça e isto te envolve junto na empreitada então pense antes de aceitar pois ela já definiu a intensidade do projeto. E não é assim que deveria ser nossas atitudes na vida ? Aceitar somente aquilo que iremos entregar completamente e não dizer diversos sim pela metade.
Com a Júlia os simples fatos de tomar um sorvete, assistir um filme tem lá sua intensidade. Assistir a um desenho com ela é presenciar a pequenina incorporar o personagem e na maior parte das vezes, ela exige que você também seja um dos personagens. É assim, intenso. Não tente assistir ao desenho lendo mensagem no celular, falando ao telefone ou conversando com outra pessoa. Isto é o pacote pela metade. E ela exige o todo. E não te dará sossego até você cumprir com o combinado, tudo de forma educada, clássica e intensa até você se render ao que precisa ser feito. Sublime convicção.
A intensidade dela têm relação com as coisas simples e importante. Sinto nela a vida, a vontade de vivenciar o belo, sem trocas, sem distrações desnecessárias.
Acredito que todos nós precisamos aprender com ela uma lição que como adulto as vezes deixamos pelo caminho. Seja intenso naquilo em que colocar a mão, seja na área sentimental, profissional, nas relações. Isto é libertador. Mesmo que dê errado, que sofra decepções, que não seja valorizado (valor é a gente que se dá em primeiro lugar) mas seja intenso. Fazer qualquer coisa sem intensidade é perder vida, é sofrer diante da sua consciência e seguindo o mantra, Deus não abençoa.
Quer saber mais sobre intensidade ? Olhe para a foto abaixo da esquerda para a direita e veja este sorrisinho maravilhoso.