No
dia 11/02/2020 fui surpreendido com a notícia de que o pianista Lyle Mays
faleceu em Los Angeles por uma doença ainda não divulgada. Em primeiro lugar o
lamento é pela morte de um ser humano. Apesar de nunca ter falado com Lyle Mays
em linguagem verbal, ele soa como uma pessoa que conhecia há muito tempo. E o
sentimento é de que um amigo de tempos tenha partido. Lyle Mays falou e se
comunicou comigo durante muitos anos através da música, da linguagem universal
da música. Para mim, ele é o melhor pianista, arranjador e tecladista que eu já
vi. E ele faz a música que eu gostaria de ouvir, exatamente com as harmonias
que gosto de ouvir. Nesta linguagem musical que nos comunicamos, recebi
exatamente tudo que precisava de uma pessoa que sequer tem ideia dos benefícios
que me causou. Somente a linguagem artística é capaz de produzir tais
sentimentos, a ponto de parecer hoje, que um ente querido se foi. E quando isto
acontece, um pedacinho da gente se dissolve também.
Fica
até difícil explicar, mas o jeito que Lyle Mays coloca as notas no piano nas
músicas que toca, transforma e leva a composição para outro nível. Ele é capaz
de produzir notas em tom maior ou menor, que entram dentro de nossas veias,
atingem a alma, produzindo uma sensação de prazer indescritível. Tivemos a
sorte de três gênios da música se juntarem no mesmo grupo: Lyle Mays, Pat
Metheny e Steve Rodby. Eles levaram a música instrumental a ter alcance intercontinental,
com turnê de classe mundial, assim como
um grupo pop como U2. Isto era praticamente impossível antes do Pat Metheny
Group que arrebatou fãs pelo mundo inteiro. E um dos pilares deste grupo foi
Lyle Mays, que emprestou sua genialidade nas composições do grupo, além de
desenvolver também discos solos maravilhosos durante todos estes anos.
O
importante nisto tudo é que Lyle Mays continuará falando comigo mesmo depois de
ter partido pois todos os dias eu escuto uma participação sua em alguma música
de minha playlist. Não tem outra forma mais efetiva de imortalidade. Lyle Mays
alcançou algo que todos nós queremos. E esta música universal já está com meu
filho, que provavelmente passará aos meus netos, que passarão aos seus.
Como
vale muito enfatizar, seremos lembrados pelas nossas obras. Nem sei qual carro
Lyle Mays tem, em qual casa mora, nem sua conta bancária, mas na minha opinião,
estou em seu testamento, pois deixou sua obra musical inteira para que possa
continuar sentindo o que somente a música pode provocar. Lyle Mays deixou o que
ele tinha de melhor para mim.
Se
você não conhece ainda a obra deste artista genial, pesquise. Gosto é
subjetivo, mas genialidade é universal e Lyle Mays é um gênio da música.
Que muitas notas musicais continuem a soar deste
pianista genial chamado Lyle Mays.